Você conhece alguém que treina de maneira excessiva, mesmo machucado, e que não fica satisfeito com o corpo que tem? É disso que trataremos aqui: vigorexia.
O que é vigorexia?
Trata-se de um termo não reconhecido na literatura médica, mas que representa dois tipos diferentes de patologias psiquiátricas, no primeiro há compulsão por atividade física, e no segundo o dismorfismo muscular.
Compulsão por atividade física (ou dependência de esporte)
Nesse tipo de compulsão a pessoa treina de forma demasiada, e mesmo se lesando continua a treinar, há uma dependência comportamental, existem outras bem conhecidas, com as por jogos, compras, furto e internet.
Como reconhecer a vigorexia
Existem várias características ligadas à dependência por atividade física, três delas são:
- Sensação de necessidade da prática de exercícios físicos, muitas horas por dia, em alta intensidade, e mesmo se estiver machucado.
- Se o indivíduo é impedido de treinar, ele sente culpa, ansiedade, irritação e até insônia. É como uma síndrome de abstinência da dependência por esporte, por isso é considerada comportamental.
- O indivíduo precisa de doses cada vez maiores de exercício para obter o mesmo prazer e recompensa que obtinha originalmente. Isso também ocorre com outras dependências, como a por álcool e a por jogo.
A dependência pelo esporte restringe outras atividades do indivíduo, levando à prejuízos no trabalho, nos relacionamentos, no estudo etc.
Especula-se que o que vicia nas atividades esportivas seja a liberação de endorfinas, que são neurotransmissores ligados aos centros de recompensa, prazer e dor.
Praticar esporte é saudável, porém, o excesso pode ser mais perigoso que o sedentarismo. Atletas de elite têm expectativa de vida reduzida quando comparadas à da população geral. Quem se exercita excessivamente pode ter lesões musculares, articulares, ósseas, e outros problemas de saúde.
Esse tipo de vigorexia pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum a partir dos 40 anos, e especialmente em mulheres.
As atividades físicas mais envolvidas nesse tipo de dependência são: corrida, natação, triathlon e ciclismo. Comumente envolvendo atletas de fundo e de longas distâncias.
Se conhecer alguém com esse problema, oriente-o a procurar um médico, nesse caso um psiquiatra.
Dismorfia muscular
O segundo tipo de vigorexia chama-se dismorfismo, ou também dismorfia muscular, Síndrome de Adonis ou anorexia reversa.
Assim como na anorexia, ocorre distorção da imagem corporal, porém, nesse caso o indivíduo que é grande se sente pequeno e fraco, e por isso busca na atividade física (geralmente na musculação) o aumento de massa muscular, daí o nome dismorfismo muscular.
Esse tipo de vigorexia se inclui em um diagnóstico mais amplo, conhecido como Transtorno Dismórfico Corporal, e foi descrito originalmente na década de 90 em halterofilistas e fisiculturistas, e tornou-se mais difundido com as modas fitness.
Assim como nas outras dependências comportamentais, o indivíduo acaba abrindo mão das atividades cotidianas, do trabalho, de relacionamentos, e de estudos, em nome da hipertrofia muscular. Outros comportamentos podem estar alterados, como a ingesta excessiva de suplementos nutricionais, termogênicos, proteínas, e até esteroides anabolizantes.
Em casos extremos o indivíduo injeta substâncias tóxicas no corpo com o objetivo de causar hipertrofia, o que pode acarretar graves consequências.
Outras complicações incluem:
- Quadros ortopédicos
- Lesões no fígado e/ou nos testículos
- Câncer de fígado
Além de outras graves alterações que diminuem muito a expectativa de vida do indivíduo.
Além das complicações clínicas mencionadas, diversos transtornos psiquiátricos podem surgir, sendo o mais comum depressão, transtornos ansiosos, e psicoses induzidas por estimulantes e esteroides anabolizantes.
*Conteúdo produzido em parceria com o Portal Leet Doc